domingo, 30 de dezembro de 2012

Texto...

NAS ENTRELINHAS DO AMOR - Parte I


Quando éramos crianças justificávamos o carinho que tínhamos um pelo outro brincando. Morávamos perto do mar, ele tinha oito anos, eu, apenas seis. Nossos pais trabalhavam juntos numa frota de barcos.
Em tudo compartilhávamos, até da babá. Ele se chamava Jonh, eu gostava de brincar com ele, lembro-me que deixava as minhas amigas para ficar perto dele. Ele fazia-me sentir segura. Éramos tão pequenos que, esse sentimento parecia inquebrável.
Quando completei treze anos percebi que John seria mais que um amigo. Eu o olhava diferente e não conseguia mais viver sem ele. Sua presença era a minha constante alegria.
John me dizia coisas lindas, não era nenhum poeta, mas sabia ser sincero como ninguém. Então, resolvi contar aos meus pais sobre ele.
Naquela noite recebi a pior notícia da minha vida, eu e meus pais iríamos embora da ilha. Contei à minha mãe sobre John, mas ela disse que eu era muito nova para um namoro. Ela explicou-me em detalhes sobre a nossa saída, disse que meu pai havia encontrado um emprego em Nova York.
Quando contei para John, não pensei que ele ficaria tão decepcionado. Sabíamos que seria muito difícil nos vermos novamente. Despedi-me dele com lágrimas. No outro dia fomos, minha família e eu para a cidade.
Sete anos se passaram, eu já tinha vinte anos, estava no terceiro período da faculdade de Jornalismo, trabalhava no The New York Times. Tinha uma vida confortável. A minha casa ficava perto da de meus pais. Eu era independente, minha independência fazia muito bem para mim, sabe não dar satisfações a ninguém.
— A senhora ainda se sente independente?
— Sim minha querida, meu marido ainda me dispõe este espaço, aliás, ele sabe como fico quando invadem a minha privacidade.
— E quanto ao seu trabalho, ainda o exerce?
— Não com tanta intensidade, escrevo apenas alguns artigos.
— Por gentileza, continue contando a sua história com John.
— Sim, claro. Com vinte anos nem imaginava que algum dia encontraria ele novamente. Às vezes John me vinha à mente de relance, o que me fazia pensar em onde ele poderia estar. Após me formar na faculdade, instalei-me definitivamente no The New York Times, até aí eu já estava nos meus vinte e três anos. Pouco era o tempo que eu tinha para mim mesma, vivia para o trabalho. Nos fins de semana ia para o parque que havia perto da minha casa para tomar um ar. Venha comigo até a cozinha, farei um café para nós.
— Então o único lugar em que descansava era num parque perto de sua casa? Ah, obrigada pelo café, está delicioso.
— Por nada querida, bem, lá é um lugar bom, para mim, o melhor.
— Suponho então que a senhora não era muito chegada às festas.
— Com certeza, naquele tempo eu escrevia muito, estava no auge, havia publicado o meu primeiro livro. Não era menina de festas, preferia ficar em casa lendo livros. Entenda minha querida que, um escritor ou uma escritora é sempre diferente.
— O que quer dizer quando menciona a palavra diferente?
— Eu sempre me destacava na escola, tinha uma escrita e uma dicção ótima, bem superior às crianças da minha idade. Eu realmente amava a leitura, com o tempo fui me apegando à escrita.
— Quando a senhora reencontrou John?
— Bem, como eu disse anteriormente, John sempre me vinha à mente, nunca o havia esquecido. Vou lhe contar toda a história, essa é a melhor parte, portanto, anote tudo.
— Sim senhora.
— Tudo começa com a minha promoção no jornal, de assistente de redação à redatora oficial. Eu tinha uma sala só para mim. A partir daí, comecei a conhecer pessoas novas, novos colegas de trabalho. Como redatora, deveria contratar um assistente. Foi o que fiz, contratei uma moça muito bem apessoada, tinha talentos incríveis, ela se chamava Lucy. Eu sempre confiei nela, era a minha melhor amiga. Então, um dia, após o expediente, ela me convidou para irmos a uma igreja a qual frequentava. Como eu não era muito religiosa, logo recusei. Lucy olhou para mim com uma intensidade incrível e disse: “Não pense que Deus precisa de você para viver, mas é você que precisa Dele. Espero que não seja tarde antes que enxergue isso.” Deu uma risadinha e tornou a dizer: “Deus está a sua espera.” E saiu.

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